Esperança em Tempos de Transição – Deixando para trás e abraçando o novo

A escrita deste texto veio em um momento especial da vida da minha família: no meio do ano nos mudamos de São Paulo para uma cidade do litoral de Santa Catarina. Saímos de uma cidade com mais de 10 milhões de habitantes para um município com 75 mil. Congregávamos em uma das maiores igrejas do país da minha denominação e agora estamos em uma igreja pequenina. Uma nova realidade muito diferente.

A nossa vida é feita de estações, assim como a natureza. Passamos por fases diferentes, nos mudamos, envelhecemos, o corpo muda, as prioridades e o ambiente ao nosso redor também. Essas mudanças exigem que nos afastemos de pessoas queridas, abandonemos nossos sonhos, desistamos daquilo que aos nossos olhos era importante. Elas nos pedem que ocupemos novos papéis, em novos lugares.

 E como olhar para uma mudança significativa com esperança? Como deixar para trás o que havia sido construído, os amigos, os costumes, o ambiente, a casa, e abraçar o novo?

Crer que o novo vem de Deus

Acredito que o principal ponto seja ter a certeza de que o novo que iremos abraçar vem do Senhor. Somente isso nos dará confiança para seguir ainda que as coisas não estejam tão claras e não saibamos ao certo o que virá pela frente. Na verdade nunca sabemos, mas quando é algo novo, isso fica ainda mais latente. Vejamos dois exemplo bíblicos:

Abraão: 

“Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!” (Gn 12:1-2) 

É quase inevitável não lembrar a história de Abraão e o episódio onde Deus deu uma ordem para que ele deixasse para trás a vida que tinha e seguisse para um novo lugar que o Senhor mostraria. Vemos em Gênesis 12:4 a confirmação de que Abraão fez como o Senhor havia mandado. Isso só foi possível porque ele conhecia a Deus intimamente, e acreditava em Deus e na sua fidelidade em cumprir o que prometera. Abraão, o pai da fé, confiava em Deus mesmo quando nada em volta favorecia. E esse é um ponto fundamental para abraçarmos o novo: confiar que isso vem de Deus. 

Mas como ter essa certeza?

Em Tiago 2:23, a Bíblia nos diz que Abraão era amigo de Deus. Só teremos a convicção de que o passo que estamos dando está dentro dos caminhos que Deus trilhou para nós se nos relacionarmos com Ele. A intimidade com o Pai nos permite ter paz no coração em aceitar a mudança, ainda que não pareça a melhor opção.

Abraçar o novo deve significar apoiar-se na fidelidade de Deus, e não nas nossas expectativas. 

Discípulos:

“Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram.” (Marcos 1:17-18)  

Quando Jesus escolhe os discípulos e faz o convite para que eles o sigam, vemos um outro exemplo bíblico de quem deixou a vida conhecida para trás e abraçou o novo. A Palavra diz em Marcos que eles, nesse caso Simão e André, imediatamente seguiram Jesus. Esses homens tinham uma profissão, eles eram pescadores, e provavelmente tinham famílias. Mas, por acreditarem que aquele homem que os chamava era o Messias, eles decidiram ir. 

Vamos ver ainda outras pessoas do relato bíblico abraçando o novo, alicerçadas na confiança naquele que tinha apresentado o novo caminho. 

Rute:

“Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele que mo favorecer. Ela lhe disse: Vai, minha filha!” (Rute 2:2) 

A história de Rute também nos ajuda a tirar aprendizados para situações como essa. Rute abriu mão da sua antiga vida e seguiu Noemi, sua sogra. Ela abraçou um novo futuro e foi para uma nova cidade.

Porém, Rute não ficou de espectadora apenas, ela agiu. Ao se instalar no novo contexto, ela sai em busca de espigas para alimentar a si e à sua sogra. Rute providenciou de forma prática o que elas precisavam para ficar bem. 

Muitas vezes, ficamos paralisadas olhando para o passado e nos lamentando pelo que perdemos, pelo que abrimos mão e pela dificuldade que temos em nos adaptar. Mas abraçar o novo também significa, além de confiar na soberania de Deus, fazer o que nos cabe para que tudo vá bem, e isso tem um papel importante para que possamos nos sentir verdadeiramente inseridas nesse novo ambiente, abraçando tudo que ele tem para nos oferecer. 

Ester:

Ester, uma jovem órfã criada por seu primo, em determinado momento se torna  rainha da Pérsia, com mudanças em aspectos sociais e principalmente em novas responsabilidades que precisou assumir. Essas atribuições exigiram que Ester deixasse de ser uma pessoa anônima e assumisse riscos ao tomar uma decisão em favor do seu povo. Mas diante do novo, ela se posicionou. Ester pensou, organizou uma estratégia e agiu. 

Muitas vezes, as novas circunstâncias trazem algo muito maior do que nosso olhar consegue alcançar. Mas precisamos ser como Ester e confiar no Senhor, portando-nos com coragem diante do cenário que Deus apresentar em nossas vidas. 

Independente de qual seja o futuro que tenhamos que encarar, o convite de Deus é para que confiemos nEle, e dia a dia avancemos firmes na segurança que somente Ele pode nos dar. Porque a cada novidade desafiadora que o Senhor nos traz, Ele traz junto a sua graça acolhedora, que nos consola e orienta.

Deus já está lá, no futuro que nos espera. 


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