
Aprendendo sobre Jesus através dos Salmos: Salmo 22
O salmo 22 é um dos chamados salmos messiânicos, os quais são profecias a respeito do Senhor Jesus Cristo que tiveram cumprimento séculos depois. Embora tenha sido escrito por Davi, não se tem, em sua história, nenhum registro de que ele tenha vivido momentos iguais ou, no mínimo, semelhantes aos que constam no salmo. Por outro lado, no Novo Testamento verificamos a correspondência desse salmo com acontecimentos da vida, morte e ressurreição de Cristo.
O referido salmo narra os momentos de agonia e sofrimento intenso experimentados pelo Salvador na cruz do Calvário, bem como a sua exaltação vitoriosa que teve lugar com a ressurreição. Essa divisão está bem delimitada no texto bíblico e é baseado nela que percorreremos a trajetória do Deus que se fez carne, desde seus últimos momentos de vida no mundo que ele criou até sua triunfante vitória sobre a morte.
O sofrimento do Salvador
“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (v.1). Essas palavras que abrem o salmo 22 são as mesmas proferidas pelo Senhor Jesus em agonia, instantes antes de sua humilhante e dolorosa morte na cruz (Mt 27.46).
Espiritualmente, o Messias enfrenta uma dor terrível. Ele veio com uma missão: assumir o lugar daqueles a quem o Senhor salvou, sofrendo em seu lugar a punição por seus pecados, qual seja, a ira de Deus. Pendurado no madeiro, Jesus suportou o peso de todos os pecados, de todos os salvos, de todos os tempos – desde Gênesis até que ele venha segunda vez, dos que já morreram e dos que ainda vão nascer. Não é possível mensurar a magnitude da furiosa ira que o Pai derramou sobre ele.
O Senhor Jesus sofreu o abandono do Pai porque é esse castigo que os pecadores merecem. A santidade não habita com a impureza, Deus não tolera o pecado e foi isso o que vimos naquela sexta-feira no Calvário. Ele não interveio na situação nem afrouxou o peso de sua poderosa mão. Como diz o profeta Isaías: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Isaías 59.2).
Cristo foi desamparado na cruz para que nós nunca tivéssemos que saber o que é isso, e mais, ele mesmo nos assegura de sua presença constante: “eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28:20b).
O salmo continua retratando o desprezo que Cristo sofreu da parte do povo que ali estava testemunhando seu sofrimento, a ponto de ele se sentir como verme, um ser asqueroso e sem valor (Sl 22.6-13). Foi ridicularizado, insultado e escarnecido. Sua confiança em Deus foi desafiada: “Confiou no Senhor! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer” (v.8). Em vez de revidar ou se voltar contra Deus por não fazer nada em seu favor, Jesus se manteve firme: “A ti me entreguei desde o meu nascimento; desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus” (v.10).
O comportamento dos líderes religiosos e da multidão enfurecida era semelhante ao de animais selvagens cheios de força e fúria, rodeando a presa que agoniza até a morte. Mesmo em meio às dores Cristo suportou os insultos e permaneceu no Senhor. Que ensinamento precioso ele nos transmite para quando estivermos atravessando os momentos difíceis da vida e formos tentados a duvidar da fidelidade de Deus. Como diz Spurgeon¹:
“O nosso nascimento foi o período mais fraco e mais perigoso da nossa existência. Se fomos guardados pela ternura onipotente, não temos motivo para suspeitar que a bondade divina venha nos falhar agora. AquEle que foi o nosso Deus quando saímos de nossa mãe, estará conosco até que voltemos à terra-mãe e impedirá que morramos na barriga do inferno.”
Não foi apenas sofrimento espiritual e psicológico que nosso Senhor sofreu naquela cruz, é o que os versículos de 14 a 21 descrevem. Fisicamente, Cristo está pendurado na cruz com suas mãos e pés pregados no madeiro, a respiração se torna difícil, os espinhos da coroa perfuram seu crânio, suor, sangue e lágrimas são seu alimento. Uma dor insuportável. Ele foi tão atormentado que seu corpo parecia se desintegrar: ossos se soltando, o ânimo se esvaindo, o vigor se afrouxa, a sede é intensa, sintomas de febre, agonia. Ele foi totalmente consumido, como água derramada na terra. A morte visitou o Doador da vida.
Apesar de estar encarando um assombroso sofrimento, o Filho não deixa de falar com seu Pai: “Tu, porém, Senhor, não te afastes de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me” (v.19). Os homens o tinham abandonado, todavia essencial era mesmo a presença do Senhor. Tudo o que Jesus enfrentou fazia parte do plano traçado desde a eternidade, mesmo tendo pedido que o cálice lhe fosse afastado, orou para que a vontade divina fosse feita (Mt 26.39). Ele bebeu, submisso, cada gota.
Cristo nos ensina confiança no plano traçado por Deus para nossas vidas, mesmo atravessando o vale da sombra da morte. Diferente de Jesus, que passou por tudo sozinho, e graças a ele – por ter passado tudo sozinho –, podemos contar com a calorosa presença do Pastor de nossas almas enquanto carregamos nossa cruz pela via dolorosa.
O Salvador vitorioso
Dos versículos 22 até o final do capítulo temos uma mudança no tom das palavras, passando da humilhação para a exaltação. Nosso Senhor Jesus direciona a narrativa para o que acontece a partir de sua vitória sobre a morte, quando o objetivo de sua obra redentora é alcançado.
Cristo orou para que o Senhor livrasse sua alma da morte e foi ouvido (Hb 5.7), como resposta ele não apenas rende louvores a Deus, mas compartilha dessa alegria com seus irmãos. O verso “A meus irmãos declararei o teu nome; cantar-te-ei louvores no meio da congregação” (Sl 22.22) é atribuído a ele em Hebreus 2.12.
Sim, o Senhor Jesus chama aqueles a quem redimiu de irmãos, uma vez que são enxertados na família de Deus por meio de seu sacrifício perfeito. Ele não se envergonha de nós, mesmo sabendo quem de fato somos. É maravilhoso saber que o Cristo não guarda o prazer para si, mas divide com seu povo e o torna participante de sua exaltação. Essa atitude nos ensina a importância de testemunharmos sobre o que o Senhor fez por nós, pois temos facilidade em falar sobre nossos problemas, mas geralmente somos lentos para contar a respeito dos livramentos recebidos.
Cristo não apenas compartilha conosco a sua vitória, mas também convoca a Igreja a louvar o Senhor por quem ele é e por seus poderosos feitos. Devem render-lhe graças todos os que foram por ele alcançados e abençoados, pois não desampara o aflito. Quem nos conclama à adoração é o próprio Filho que sofreu o abandono de seu Pai na cruz, mas que sabia que aquilo era temporário e que o amor destinado a ele é firme e eterno. Aqui, Jesus nos ensina que não devemos medir o amor de Deus por nós com base nos momentos difíceis que enfrentamos; troquemos, portanto, a murmuração pela adoração.
O texto continua com o prenúncio de que pessoas de todas as nações se converteriam ao Senhor e o seu reino se estenderia sobre toda a terra (vv. 27-29). Foi exatamente isso que a obra salvífica de Cristo realizou, o Israel de Deus passou a abranger tanto judeus como gentios, ricos e pobres, todos os tipos de pessoas. A Igreja do Senhor é universal e permanece firme ao longo dos anos, até que o Salvador volte em glória para com ela habitar eternamente. A promessa feita a Abraão, de que nele seriam benditas todas as famílias da terra (Gn 12.3) tem seu cumprimento aqui. O precioso sangue vertido na cruz do Calvário é poderoso para redimir quem quer que seja – a graça é para todos.
Por fim, tem-se a declaração de que uma geração anunciará à outra os poderosos feitos do Senhor e assim ele será sempre adorado. Isso tem se cumprido desde que Jesus venceu a morte e saiu da sepultura: sua obra é proclamada e o nome do Todo-Poderoso exaltado pela multidão dos que vão sendo resgatados pela graça salvadora.
O salmo se encerra com o seguinte versículo:
“Hão de vir anunciar a justiça dele; ao povo que há de nascer, contarão que foi ele quem o fez.” (v.31)
Conforme alguns estudiosos, a expressão “foi ele quem o fez” tem seu equivalente nas últimas palavras de Jesus na cruz: “está consumado” (Jo 19.30). De acordo com Spurgeon,
“A obra gloriosa de salvação foi concluída, há paz na terra e glória nas alturas. “Está consumado”. Estas foram as últimas palavras do Senhor Jesus antes de expirar, como são as últimas palavras deste salmo. Que pela fé viva sejamos capacitados a ver a nossa salvação que foi consumada pela morte de Jesus!”
O salmo 22 é um tesouro que, nos tempos antigos, anunciou que uma grande obra de salvação seria realizada em prol do povo de Deus e que marcaria a História. Não sabemos como essa profecia foi recebida na época; no entanto, olhando com as lentes de hoje, conhecedores do que Jesus fez, nosso coração é tomado de assombro e maravilhamento.
Inicialmente, vemos que o Criador se tornou criatura, o Rei se fez servo, o grande Juiz se tornou réu, o Médico dos médicos sentiu dores inimagináveis, a Fonte da vida se submeteu à morte. Tudo isso por amor a homens e mulheres pequenos, falhos, frágeis e pecadores, que muitas vezes se esquecem que aquilo que receberam pela graça, custou um preço altíssimo, preço de sangue inocente.
Em um segundo momento nos é mostrado que Aquele que se fez carne é Deus, o Servo sofredor é o Rei vitorioso, o Homem de dores cura tanto o físico, quanto a alma. A morte deixa de ser o fim para todos aqueles que são resgatados pelo Eterno.
O Senhor Jesus não foi uma vítima da sociedade opressora da época, como muitos dizem. Ele é Deus que se entregou voluntariamente, e desde que encarnou sabia o caminho que iria trilhar. Não foi pego de surpresa e passou por tudo consciente. Em suas próprias palavras:
“Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.” (Jo .17,18, grifo meu)
Sofrimento e exaltação são as marcas da vida de Cristo e de todos os que foram cobertos por seu sangue. Não há outra atitude de nossa parte a não ser a adoração à Trindade Santíssima por tão grande obra de salvação e pela segurança que ela nos dá, afinal, tudo está consumado.
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¹ SPURGEON, Charles. Os tesouros de Davi. Vol. 1. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2017.
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