Aprendendo sobre Jesus através dos Salmos: Salmo 2

Aprender sobre o Senhor Jesus é sempre um privilégio. Nos sentimos indignas de proferir um nome tão santo e bom, mas, ao mesmo tempo, nos sentimos acalentadas pelo coração manso e humilde que nos convida para sua amável e bendita presença. E é com este sentimento que abrimos as portas para a nova série do Graça em Flor, por meio da qual aprenderemos sobre o Mestre pelas lentes dos Salmos.

A ideia dessa série não parte de nossa própria mente, mas das palavras do Mestre, já ressurreto e na presença de seus discípulos, registradas em Lucas 24:44-45:

“‘São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco: Era necessário que se cumprisse tudo o que estava escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras”.

Cremos que Cristo é a figura central das Escrituras e que toda a história aponta para ele, o filho eterno do bom Deus, o Messias desejado desde a queda, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, mudando o rumo da humanidade por meio de seu eterno amor.

Tal como afirmam os autores de “Cristo nos Salmos”, John Mcnaugher e E. S. McKitrick, “Uma vez que toda a nossa aproximação a Deus é por meio de Jesus Cristo e que todas as concessões são feitas por Seu bendito nome, um Livro de Louvor sem Cristo nada mais seria que um incensário sem incenso e uma harpa da qual as cordas das mais nobres notas foram retiradas.”

Vamos juntas caminhar pelos Salmos, em busca do nosso Amado?

Um Salmo que revela o Grande Plano

Desde a queda, o grande dilema da humanidade é a luta do bem contra o mal. Porém, sabemos que nossos maiores esforços não são suficientes para combater os mínimos desastres causados pelo pecado. A única solução sempre foi o segundo Adão, o ungido de Deus, e é o que vemos revelado no Salmo 2, escrito pelo Rei Davi: 

“Por que as nações se enfurecem, e os povos tramam em vão? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram unidos contra o Senhor e seu ungido, dizendo: Rompamos suas correntes e livremo-nos de suas algemas. Aquele que está sentado nos céus se ri; o Senhor zomba deles.” (v. 1 a 4)

Este cântico apresenta a resposta de Deus à rebelião entre as nações que resistem contra a autoridade divina, tal como o coração humano ainda resiste ao senhorio do Filho de Deus. No texto original, Davi utiliza a palavra hebraica Mashiach (equivalente do grego Cristo), que significa “ungido”, e refere à uma antecipação profética do Senhor Jesus, como que dizendo “quem ousa marchar em direção ao que é vitorioso desde a eternidade”? 

A resposta irônica (v.4) mostra que o Deus Todo Poderoso não se abala com qualquer tipo de rebelião humana. Nada o surpreende, nada o abala e essa é a nossa grande segurança nos dias e períodos de caos: temos um Deus soberano, eternamente inabalável e intimamente comprometido com a nossa salvação.


De acordo com o autor de “Amostra de Salmos”, Henry M. Morris, este é o primeiro e um dos mais importantes dentre os salmos messiânicos por ser uma das poucas passagens do Antigo Testamento, e o único Salmo, que se refere ao Filho de Deus pelo nome, nos versos 7 e 12. Ainda que os leitores do texto original não entendessem em toda a sua completude, o Salmo 2 revela o grande plano de salvação, onde o Rei dos reis reafirma a promessa de que o Redentor viria e garantiria a vitória uma vez profetizada no Éden, após a queda.

Um Salmo que nos convida à humildade

“Os homens atuam sob a terrível ilusão de que podem planejar e decidir as coisas como bem entendem, sem consultar a vontade de Deus”, afirmou o autor Henry Morris. Não temos argumentos para discordar dele, uma vez que o pecado nos faz desejar o controle de todas as coisas (se puder, leia Tiago 4:1-2).

Há alguns exemplos mais claros dessa prepotência, como a convocação do Centenário do Darwinismo, em 1959 na Universidade de Chicago, onde o orador Sir Julian Huxley afirmou que “o darwinismo havia removido o próprio conceito de Deus da esfera de discussão racional”, ou do Manifesto da Associação Humanista Americana, em 1974, que declarou “nenhuma divindade nos salvará; devemos nos salvar”. O que dizer, então, das afirmações provocativas do Marquês de Sade, grande símbolo do hedonismo e ateísmo, que afirmou “Quando o ateísmo pedir mártires, diga: o meu sangue está pronto!”

Não importa se o orgulho leva a afirmações e ações drásticas ou a pequenas atitudes silenciosas do dia a dia, a verdade é que ele sempre ocupou a primazia entre os opositores do plano de Deus. “Porque, mesmo tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; pelo contrário, tornaram-se fúteis nas suas especulações, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e substituíram a glória do Deus incorruptível por imagens semelhantes ao homem corruptível, às aves, aos quadrúpedes e aos répteis.” (Romanos 1: 21-23).

Em contraponto, o Salmo 2 é um convite à humildade, como aponta a análise dos autores E. S. McKitrick e John McNaugher em “Cristo nos Salmos”: “O Salmo 2 descreve o reinado do ungido do SENHOR. Seu reino é combatido pelos pagãos que se enfurecem e pelos povos que imaginam coisas vãs. Aquele que está assentado no céu zomba da fraqueza humana, dizendo de Seu propósito: ‘Contudo, pus meu rei sobre o meu santo monte de Sião’. A voz do Messias é: ‘Eu declararei o decreto; o SENHOR me disse: Tu és meu Filho; neste dia eu te gerei. Pede-me, e eu te darei os pagãos por tua herança, e as partes extremas da terra por tua possessão. Depois, seguem a profecia de juízo e triunfo e a exortação para que os reis sejam sábios; que os juízes da terra sirvam ao SENHOR com temor e se regozijem com tremor, beijando o Filho para que não se zangue, e encontrando bem-aventurança pela confiança nEle.

As conspirações para destronar o Senhor nunca foram e nunca serão capazes de o provocar a fugir. Disso, o Deus Todo Poderoso se ri (Provérbios 1:24-26). Além disso, até mesmo a crucificação, ápice da entrega de amor do Filho, estava dentro do que o Eterno predeterminou (Atos 4: 27 e 28). Se há alguma atitude sábia que o ser humano pode tomar, é se submeter ao senhorio do Ungido do Senhor enquanto há tempo, pois todos os que se levantaram contra ele até agora, foram derrotados. É muito melhor e sábio “beijar o Filho” por honra e submissão, por amor e gratidão, do que se tornar escárnio celestial e receber a punição prometida aos que se unem ao exército inimigo (2 Tessalonicenses 1:8 e 2:8)

Um Salmo que vislumbra um reino de graça e justiça

Embora muitos se assustem com a dureza do castigo aos desobedientes e infiéis, sabemos que não servimos a um deus tirano e sádico, que se alegra em manipular seus súditos. Esse tipo de pensamento nada mais é do que uma falácia idêntica à que instigou Adão e Eva a comer do fruto proibido. Há uma voz sempre a nos rondar, lançando dúvidas a respeito do caráter do Eterno, e contra ela nós devemos lutar bravamente, pois sabemos em quem temos crido (2 Timóteo 1:12), sabemos que nosso Senhor é manso e humilde, que Seu reino é cheio de graça e justiça e que todo o plano de redenção foi traçado por amor. 

Ao lermos o Salmo 2, que nossos corações recebam a mensagem de adoração verdadeira, não por medo, e de entrega sincera, não com segundos interesses. Diante do Messias, o único caminho seguro é a rendição completa e constante, até que Ele venha e nos leve ao reino que é eterno, e vivamos sob seu domínio santo e bondoso por todas as gerações (Salmos 145:13).


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