Alegria no Ordinário: Alegria na Jornada – Encontrando propósito e paz no processo, não apenas no resultado

Se você é como eu, certamente encontra uma resistência em apreciar o processo das coisas, e digo isso de forma geral, seja uma fase de espera em alguma área da vida seja simplesmente apreciar o trabalho enquanto é feito, sem apenas ansiar pelo resultado, como quando estou com a casa toda para cima para fazer aquela boa faxina e, no meio do caminho, só consigo pensar em como gostaria que já estivesse tudo limpo.

Bem, acredito que o nosso cérebro não está acostumado a simplesmente viver o momento sem pensar no desfecho daquilo que estamos fazendo ou da estação que estamos vivendo. Não queremos começar nada do zero e tampouco trabalhar com alegria e contentamento enquanto esperamos pelo resultado.

O Senhor, sabendo que sou pó, me deu, há anos, um pedaço de sua Palavra para eu guardar fielmente no meu coração e usar nesses momentos; parte dessa porção está no livro do profeta Zacarias, no capítulo quatro, que fala sobre não desprezarmos os começos humildes.

Podemos ver nesse verso das Escrituras o próprio Deus encorajar o povo de Israel que estava construindo o templo em Jerusalém, depois do exílio da Babilônia.

Podemos imaginar o quão trabalhoso deve ter sido essa obra de reconstrução do templo, principalmente após todo contexto de exílio que o povo de Deus viveu. Assim, é totalmente compreensível que o povo estivesse desanimado, comparando o novo templo a ser construído aos dias de glória do antigo templo, que foi construído por Salomão.

Podemos claramente ver aqui o próprio Deus ensinando seu povo que mesmo os pequenos começos têm aos olhos dele grande valor. Grandes obras podem surgir de pequenos passos se nós não desanimarmos! Deus simplesmente valoriza a nossa obediência e esforço, mesmo quando os resultados ainda não são visíveis. Muitas vezes nós não temos paz e contentamento durante o processo porque não conseguimos ver o resultado imediato, mas a verdade sobre quase tudo na vida é que tudo exige tempo e esforço e que as coisas não costumam ficar prontas de um dia para o outro.

Pensemos na vida do agricultor. Na agricultura, há um intervalo entre o plantio e a colheita. E, nesse processo, o agricultor apenas tem que trabalhar, fazer a sua parte e esperar. A plantação não vai crescer mais rápido se ele ficar parado com impaciência desejando mais do que tudo ver o resultado do seu trabalho para enfim se alegrar. Fazer a plantação crescer não é trabalho do agricultor, ele depende da terra, do sol e da chuva – ou seja – ele depende totalmente da obra de Deus.

Podemos comparar nossa vida com a de um agricultor. Nós não encontraremos alegria e paz na jornada enquanto não aprendermos a confiar nas obras do nosso Pai. Viveremos ansiosas e preocupadas por não conseguirmos simplesmente descansar nos aconchegantes braços do Senhor, que deseja nos dar sua paz e alegria nesses momentos de nossas vidas, porque pensamos que absolutamente tudo depende de nós. Há beleza na espera, se soubermos onde repousar. Há alegria na jornada, se soubermos em quem confiar. Há paz no trabalho, se soubermos para quem estamos trabalhando.

A nossa vida, querida amiga, não se resume aos resultados que podemos mostrar ao mundo, mas depende totalmente das obras invisíveis das boas mãos de Deus, que trabalham por nós enquanto esperamos. Há alguém que sabia muito bem viver a vida, trabalhar, amar, sorrir, chorar e descansar enquanto esperava pelo final – a saber, o Senhor Jesus.

Em Hebreus, podemos ler que “pela alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz” (Hebreus 12.2). Jesus confiava no final e, por isso, viveu intensamente cada momento até que chegasse, finalmente, ao resultado daquilo que lhe fora proposto.

Cristo não viveu sua vida com pesar, enfado e impaciência até o dia da ressurreição. Ele simplesmente viveu o processo porque confiava naquele que escreveu o final. Jesus Cristo é o nosso maior exemplo de alguém que encontrou paz e propósito em sua jornada, porque sabia que Deus já havia orquestrado todos os acontecimentos. A confiança no amor do Pai nos permite viver a nossa vida intensamente, com alegria, contentamento, paz e gratidão mesmo em meio a processos difíceis e dolorosos. A nossa vida não é o que acontece quando alcançamos nosso objetivo final; a nossa vida é o que acontece enquanto não chegamos no resultado. O resultado de todas as coisas, na verdade, é a soma daquilo que fizemos no caminho.

Eu posso simplesmente esperar para ser feliz só depois da faxina concluída ou posso aproveitar cada parte do processo para glorificar a Deus pela oportunidade de estar trabalhando para ele naquele dia, daquela maneira específica e, enfim, me alegrar por completo no resultado final. De qualquer forma, a única verdade é que, com alegria ou não, há ali um trabalho a ser feito que depende que eu o faça. É muito mais leve me entregar totalmente ao Senhor enquanto o faço do que apenas esperar para me alegrar no resultado final.

A verdade sobre nós, é que não sabemos viver dessa forma sozinhas. Não conseguiremos encontrar paz e descanso em nossa jornada enquanto não aprendermos a entregar cada passo ao Senhor. Os dias serão penosos e cansativos, e nos desanimaremos, assim como o povo de Israel diante da reconstrução do muro, se só olharmos o pequeno começo ou se só pensarmos no resultado final.

Em Cristo, encontramos sabedoria, equilíbrio e contentamento para vivermos o começo, o meio e o fim com leveza e felicidade, sabendo que o Senhor se alegra ao ver a obra começar, nos encontra no meio da jornada para nos dar descanso e está também no fim do caminho, na obra final, pois, afinal de contas, foi ele quem construiu a nossa estrada.

Se nosso Senhor suportou a vida que teve pela alegria que lhe fora proposta, não podemos nós também suportarmos a nossa jornada com alegria e paz, sabendo que o mesmo Senhor nos espera em cada resultado?


Esse post faz parte da nossa série de postagens com o tema “Alegria no Ordinário”. Para ler todos os posts clique AQUI.