Fé que fica em cima do muro e tem vergonha do evangelho

“Tudo passa”. É muito comum vivermos esta frase em tempos difíceis. Se estamos doentes, com problemas financeiros, com problemas no casamento, desempregados, perdidos em meio à constante pressão para sobreviver neste mundo ardil e mal, protegemos nossa sanidade com um belo e claro “tudo passa” e minimizamos o efeito de nossas ações e das consequências futuras das escolhas feitas no presente.

“O mundo é assim”. Cada um tem a sua verdade e tudo, portanto, torna-se relativo a depender do contexto e do momento histórico. Ser radical acabou se tornando um termo negativo, digno de quem não sabe conviver com o diferente, nem tampouco respeitar o semelhante.

Crentes, hoje em dia, são abraçados por diversas comunidades ideológicas por serem legais e modernos, possuírem a mente aberta. São estes cristãos que não defendem a sua fé como deveriam para não entrar em embate com os outros, uma vez que se adotou, na sociedade, o juízo de que qualquer conflito é ruim. “Devemos todos nos amar”, dizemos. “Esse é o amor do qual Jesus tanto fala. Jesus era amor, correto? Andava com pecadores, correto? Não fazia distinção de pessoas, correto?”

Infelizmente, tudo isso não pode estar mais longe da coerência bíblica.

A verdade de Deus deve prevalecer. Jesus andava com pecadores, sim, mas para pregar o evangelho a eles. Para mostrar-lhes que Ele era (e é) o caminho, a verdade e a vida (João 14:6), e não para concordar com o que eles faziam, evitando qualquer discordância.

Não estou defendendo que você precise arranjar confusão ou desrespeitar o seu semelhante para expor suas convicções. O que você precisa é respeitar o sacrifício do seu Salvador e honrá-lo com a sua vida. As pessoas respeitarão você pela sua escolha ou te perseguirão. De todo jeito, valerá a pena falar.

Queridas, escrevo este post hoje para lembrá-las de que temos uma missão. Uma missão séria, difícil e que reflete na eternidade – sim, nem tudo passa.

Precisamos pregar o evangelho.

“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.” (Romanos 1:16)

Deus nos chamou para sermos testemunhas de Cristo e não devemos medir esforços para isso. Não podemos deixar que o medo da rejeição seja maior do que o amor pelas almas cegas, perdidas, que caminham em direção à perdição. Nós não sabemos o dia de amanhã e, por isso, precisamos aproveitar cada minuto de vida que nos foi dado e vivê-lo para o Senhor.

Deus nos chamou para sermos testemunhas de Cristo e não devemos medir esforços para isso. Não podemos deixar que o medo da rejeição seja maior do que o amor pelas almas cegas, perdidas, que caminham em direção à perdição. Click To Tweet

Se Jesus é o Salvador do mundo, e nós não queremos compartilhá-lo, realmente cremos nEle? O viver é Cristo e o morrer é lucro (Filipenses 1:21).

Ter vergonha do Evangelho significa rejeitá-lo, considerando-o inferior, insuficiente, irrelevante e até mesmo inútil. Ter vergonha do Evangelho significa não crer no que está escrito na Bíblia de forma plena e exclusiva.

“Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.” (Marcos 8:38)

A provável perseguição no meio em que estamos inseridos não justifica a nossa covardia, e eu me incluo nisso. Sempre me pego pensando nos momentos em que fracassei em defender a minha fé e mostrar Jesus aos outros. Dói muito. Queridas, vamos clamar por coragem! Vamos blindar nossas mentes com as Sagradas Letras, vamos seguir os passos do nosso Mestre até chegar o tempo que jamais passará!

“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:14-16)

A omissão, de fato, é um pecado gravíssimo. Muitos cristãos deixam de se posicionar em certas situações, com o fim de evitar qualquer polêmica ou desconforto entre as pessoas de seu ambiente diário. Ninguém quer ser taxado de mundano, mas também ninguém quer ser visto como radical e ser ridicularizado por crer num livro supostamente ultrapassado que não evolui com a sociedade moderna. Nesse meio termo, sentimo-nos miseráveis.

Sempre convivi com pessoas diferentes ao longo da minha vida, por exemplo. Por ter parentes não-cristãos, amigos não-cristãos e por percorrer um longo caminho na universidade no curso de Direito, estava constantemente inserida em contextos nos quais eu tinha que falar da minha fé e essa nunca era a mais fácil das opções. Sempre que eu decidia me calar, o meu peito doía e eu sentia que havia me deixado dominar pela minha covardia. Estava em cima do muro.

Independente dos assuntos polêmicos gerarem ou não uma oportunidade, devemos falar de Cristo, da nossa fé. O objetivo não é mudar a cabeça de um estudioso. O objetivo é resgatar um pecador.

Não podemos jamais esquecer que Jesus é mais importante do que política, regras comportamentais, partidos ou teses científicas. Ele é o Princípio e o Fim e está acima de tudo isso. Devemos inserir o evangelho na nossa vida diária, sem objetivar brigas e contendas, mas tendo em mente que a verdade, em si, já é uma ofensa ao pecador.

Amigas, as pessoas só vão acreditar em nós, se nós também acreditarmos. Cristo pode brilhar em nossos olhares, em nossas ações, em nossas palavras, em nosso modo de caminhar entre aqueles que precisam de salvação, mas, para isso, em nossos corações e em nossas mentes, Ele tem que ser mais do que uma teoria opositora à maioria. Ele tem que ser Rei. Senhor.

Ouvi uma pregação do pastor Jonas Madureira, na Conferência Fiel de Jovens de 2016 na qual ele citou Mateus 10:16-22. O texto diz:

“Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. E acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas; por minha causa sereis levados à presença de governadores e de reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. E, quando vos entregarem, não cuideis em como ou o que haveis de falar, porque, naquela hora, vos será concedido o que haveis de dizer, visto que não sois vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós. Um irmão entregará à morte outro irmão, e o pai, ao filho; filhos haverá que se levantarão contra os progenitores e os matarão. Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo.” (Mt 10:16-22)

O pastor discorreu sobre a nossa mania de achar que seremos imediatamente bem aceitos pelas pessoas ao pregarmos a Palavra de Deus e sobre como isso é equivocado. De fato, segundo o trecho destacado acima, somos como ovelhas em meio a lobos.

Jesus não nos chamou para batermos nos lobos. A nossa missão não é humilhar as pessoas nem vencer um debate. Nossa missão é pregar o evangelho na sua pureza. A partir daí, o Espírito Santo vai agir conforme os planos eternos do Senhor e nós estaremos gratas por termos vivido para o Reino, plantando sementes para a ceifa futura.

Como disse Agostinho de Hipona: “Amo-te, Senhor, e minha consciência não duvida e nem vacila. Feriste-me o coração com a tua palavra, e desde então te amei” (Confissões, X, 6, 8). O evangelho vai incomodar. Vai ferir.

Não nos permitamos vacilar, minhas irmãs. Que nós possamos escolher a cruz ao invés da glória deste mundo, escolher a vida com Cristo, para Cristo.

Se existe salvação esperando as pessoas que nos cercam, ela não vai surgir da nossa retórica, mas da nossa ferida.