Estilo, comportamento e a Palavra de Deus

Romanos 8:29:

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.

Desde o século XIX a indústria tem refletido o comportamento da sociedade em seus produtos. A cultura, a música, o modo popular de pensar, agir e etc; em tudo vemos o mercado tentando absorver o espírito de cada tempo, reproduzi-o e reafirmando-o em suas prateleiras, gôndolas e vitrines. Ideias formam produtos, e quem compra produtos compra ideias.

Na modernidade houve no meio social, por um tempo, uma linha de moralidade muito aceitável e notável inclusive no modo de retratar-se. Homens sabiam vestir-se adequadamente à sua idade, respeitavam de certo modo os lugares e a maneira que deveriam se portar aos compromissos e ao próprio papel de masculinidade assumida. No cenário feminino, ainda que muito influenciado por movimentos feministas e pela vulgarização assumida, ainda muitas prezavam pela feminilidade em sua postura, mesmo que mesclado a tendências e modismos da época. E hoje, numa sociedade pós-moderna podemos ver a confusão em moralidade distorcida, no excesso de compras, na perda da feminilidade, na valorização do corpo, na extrema vaidade e na falta de um reflexo humilde no guarda-roupa. Essa não é uma defesa ao desprendimento de roupas ou de um estilo especificamente, mas esse é um alerta ao consumo e como isso reflete postura, a causa começa intrinsecamente.

Meu pastor costuma dizer que é fácil analisar situações e criticar posturas quando o canhão está direcionado ao outro, e ele sempre conclui em tom de questionamento: “Então, vamos virar o canhão para nós?”. O universo feminino tem exemplos de “comprar roupas e comprar ideias”. Repare, existem meninas que simplesmente refletem uma falta de critério, sempre se moldando às propostas do ambiente, sem possuir um norte moral ou conceitual em seu armário. Nós somos capazes de criar dualidade em nossas ações. Criamos cenários e partidos atuantes em cada um deles, dentro do que aceitamos ou não. Isso transparece uma mente que dita a vestimenta ou uma mente nula para a vestimenta? Nesse quadro, o comportamento tem suas variações: em ambientes onde temos a companhia de cristãos, nossa postura é tranquila e calma, mas nos momentos em festas da faculdade há aberturas para risadas inoportunas a piadas deliberadas. Eis o típico dualismo do pacote de religiosidade das tendências pós-modernistas. Posso falar com propriedade desse tipo de comportamento, eu já estive nesse lugar de dualidade.

Poderia também falar da vulgarização, do empoderamento, da falsa modéstia e demais influências que nos cercam, que nos desafiam e nos forçam em algumas vezes, mas não precisamos nos desgastar com mais exemplos.

O que realmente importa é que percebamos que não existe simplesmente comprar roupas, assistir programas, ver vídeos, seguir pessoas e não se relacionar com a ideia por trás de cada produto que nos é oferecido, e vamos ser realistas, nós somos influenciadas e seremos influenciadas até o final de nossas vidas! Não tem jeito, estamos presas a essa realidade de coisas e ideias que nos bombardeiam e tentam nos moldar por dentro e por fora, porém o versículo no início do post traz a nós, nascidas de novo, uma verdade libertadora e arrebatadora – somos predestinadas a nos parecermos cada dia mais com Cristo!

Antes das revoluções, dos movimentos sociais, da cultura, dos povos, da Terra, do Universo, do tempo e tudo mais existir, Deus decretou a identidade de Cristo para nós, determinando que após a nossa conversão entraríamos em processo de semelhança com seu Filho Unigênito.

E o que isso significa, então? Significa que nenhum modismo, movimento cultural, ideias de influencers, novos padrões morais, tendências e estilos deverão ter supremacia sobre nossas mentes e corações. Nenhum desses movimentos tem autoridade e potencialidade de nos influenciar mais do que o ideal de predestinação que Deus deu a nós em Cristo.

Nenhum modismo, movimento cultural, ideias de influencers, novos padrões morais, tendências e estilos deverão ter supremacia sobre nossas mentes e corações. Cristo é que reina supremo. Click To Tweet

Isso inclui a temática do estilo, isso inclui comportamento. Nosso estilo propõe e expõe o comportamento de vida que temos. Em outro artigo, conversamos um pouco sobre modéstia, e sabemos que nesse ponto não podemos mais falhar, mas ainda sendo modestas, nosso guarda-roupa consegue manter-se livre da pressão do “estilo modesto”? O versículo de Romanos e as demais instruções bíblicas a respeito de como devemos nos portar nos traz clareza em relação à liberdade de estilo e gosto que temos, mas existem requisitos dentro dessa liberdade: o zelo pelo testemunho, a retratação de um coração puro e em santificação, um espírito humilde e um coração desprendido de vaidade e prazeres terrenos. Precisamos nos sentir fúteis por trocarmos a nossa benção de semelhança com Cristo por um prato de lentilhas volta e meia, porque o versículo nos escancara uma realidade de filiação com Deus que deveria nos completar.

O propósito da carta de Romanos era apresentar o evangelho aos de Roma e explicar que esse evangelho corrige as divisões de crentes judeus e crentes gentios. No capítulo 8 há muita preocupação pastoral nas palavras do apóstolo Paulo, e no versículo citado vem a explicação do “propósito” de Deus, nele se expõe, em termos simples, a decisão eterna de Deus em dar o direito de levar à glória todos os que creem. Esses são, por Sua própria iniciativa, objetos de Seu amor ativo e salvador. A palavra “conhecer” neste momento, não demonstra apenas o conhecimento intelectual de Deus em saber e conhecer esses crentes, mas implica num relacionamento pessoal e íntimo com cada um deles.

Por esse motivo, podemos continuar a crer que o próprio Deus se encarregará de nos auxiliar a sermos cada vez mais parecidos em estilo e comportamento com o seu Filho, a garantia de que o próprio Deus nos escolheu e nos conhece, garante que seremos cuidadas e moldadas a um único propósito – glorificá-lo!

Grandioso e maravilhoso prazer é poder participar desse propósito. Ter Cristo sendo visto em nossa vida, em nossas ações, em nossos gostos e estilos também significa glorificá-lo.

Confesso que pensar de forma mais profunda sobre esse assunto e essa responsabilidade não foi fácil. Vocês já pararam alguma vez para pensar sobre isso? Chegaram a conclusões bíblicas sobre o assunto? Seria legal conversarmos sobre isso nos comentários.

Querida, te convido a refletir com senso crítico, com o canhão apontado para si, no quanto você tem ciência da supremacia de Cristo sobre seu comportamento e identidade. Te convido a orar ao Senhor por reconhecimento e agradecimento da benção da filiação por meio do Cristo exposto nas Escrituras, Ele é vivo e tem promessa de retorno, para concluir em nós a obra que já foi começada.