Como fazer amigas?

A vida cristã não pode ser construída nos padrões do mundo contemporâneo. Em quais situações pensamos quando paramos para refletir nessa declaração? Pensamos no ritmo e nos papéis de cada um na vida conjugal? Pensamos em feminismo? Vestimenta?

Às vezes deixamos passar conceitos simples, que também podem afetar a nossa vida de forma significativa, sem nem percebermos. Deixamos passar a ideia de que a amizade deve ser como o mundo nos diz que é.

Compramos a simples ideia de que um amigo é alguém que gosta das mesmas coisas que nós, que se parece conosco, que tem o mesmo padrão social, a mesma faculdade, a mesma personalidade. Pessoas difíceis e amarguradas são pessoas sozinhas. Pessoas com problemas se isolam e se afundam em si mesmas. Pessoas introvertidas simplesmente não participam dos eventos e confraternizações.

É muito fácil fazer amizade como nos filmes. Você encontra aquela pessoa divertida no ápice de alguma situação em comum e pronto: se amam desde o primeiro instante e são amigas para sempre.

Mas não é isso que a Bíblia nos ensina.

Posso viver a caminhada cristã sozinha?

Faz um pouco mais de um ano que eu mudei de igreja. Não sei se alguém aqui já passou por isso, mas, para mim, foi um processo extremamente doloroso. Eu sou filha única, então eu tenho nos meus amigos um conceito de família. Gente que eu sou acostumada a contar pra tudo, em todas as situações. Por conta disso, dá pra imaginar o meu sofrimento com a mudança inicial. Eu acreditei que não teria uma oportunidade para conhecer as pessoas na minha igreja nova, já que somos adultos e temos nossas rodas de amigos já estabelecidas.

Quis me conformar em me isolar. Achei que poderia ser uma boa ideia viver com o que eu já tinha, sem ser corpo no local em que o Senhor tinha me colocado. E, claro, eu estava errada.

Muito mais do que um local social ou um lugar “apenas” para ir domingo e ouvir a pregação, a igreja de Cristo é o Seu corpo. Sua noiva. É gente que se une, que luta uma guerra real, que glorifica ao seu Criador, gente que dá as mãos e vive junta pra resistir até o fim.

Isso é muito sério. Entender que a vida é muito maior do que aquilo que enxergamos pode melhorar nossa perspectiva em relação aos nossos irmãos. Somos irmãos, afinal, unidos pelo sangue mais precioso que existe. Como não nos amarmos?

“Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão.” (Provérbios 17:17)

Diferentes mas unidos

Ao fazer um balanço sobre os meus amigos mais chegados, percebi que eles não são iguais entre si. Com alguns, tenho a rotina em comum. Com outros, tenho o mesmo gosto para músicas, filmes, séries de televisão e livros. Alguns deles têm a mesma personalidade que eu. Outros são completamente opostos a mim.

Mas então o que fez deles amigos chegados? O que fez com que o nosso amor transformasse as diferenças em aspectos menores de nossa relação? Com certeza, querida, foram Cristo e as horas de angústia. Quando nos importamos com o mundo do outro, com a dor e os percalços alheios e o servimos da forma que podemos, construímos confiança.

Talvez possa parecer uma abordagem meio estranha, mas sofrer junto é bom. Se as pessoas a sua volta não sofrem com você, sofra você com elas. Sirva. Dedique-se.

O mais importante vocês já têm em comum: Cristo. O pessoal da minha igreja nova sabia disso, e usou isso para me acolher. Deixe a nossa fé ser o que nos une, em primeiro lugar, e o resto vai ser resto – mesmo!

Quando pensar que suas irmãs são diferentes demais de você, lembre-se que o mais importante vocês já têm em comum: Cristo. Click To Tweet

Como começar, de forma prática

“E então, Carol, como começamos?” Aqui estão alguns exemplos práticos para iniciar essa possível amizade com as pessoas da sua igreja.

Ore e peça a Deus coragem para se relacionar. Isso é básico. O cristão precisa viver em comunidade. A Bíblia está repleta de versículos que nos ensinam a importância de não vivermos sozinhos. Ela nos ensina que, de fato, é melhor dois do que um. Se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. (Ec 4:9-10). Amiga, você precisa de gente e as pessoas precisam de você. Tenho certeza que se for para glória do Senhor, Ele lhe dará a coragem necessária para dar o primeiro passo.

Sente em lugares diferentes nos cultos. Com essa dica, não estou dizendo que você está liberada para conversar na hora do culto não, ok? Mas, às vezes, quando chega a hora dos avisos, quando nos cumprimentamos na chegada ou quando alguém derruba alguma coisa e você se abaixa para pegar, é quando surge o primeiro sorriso, a primeira palavra trocada. Seja gentil com seus irmãos, não importa a idade que tenham.

Vá aos pequenos encontros e programações. Como eu disse antes, tinha muito receio de tentar me relacionar com as pessoas na minha nova igreja. Esse passo me ajudou muito! Após começar a frequentar os cultos e a escola bíblica com frequência, recebi um convite para uma reunião da mocidade, na casa de um dos membros. Posso afirmar, por experiência própria, que uma tarde pode mudar muita coisa! É em momentos de distração como esse que descobrimos que o outro não é tão diferente de nós assim e que, em meio a piadas, comida e estudo em grupo, a empatia cresce.

Ore pelas pessoas e entre em contato. Normalmente nessas reuniões mais íntimas, alguém acaba compartilhando alguma dificuldade, algum exame importante na faculdade, algum desafio no trabalho ou qualquer outro problema em geral. Quando isso acontecer, anote o nome dessa pessoa, ore por ela e procure saber o desfecho daquela situação. Se ela compartilhou a todos, não vai ter problema se você mostrar que pensou nela e que está ali intercedendo por algo importante em sua vida. Pode ser uma mensagem privada em uma rede social ou um assunto para puxar depois do culto. Pergunte que fim teve aquela situação, se ela está bem, e se há algo que você pode fazer para ajudar. Interesse-se pela vida dela.

Dê tempo ao tempo. Da mesma forma que você precisa conhecer mais das outras pessoas para poder se abrir, elas também precisam de tempo para te conhecer. As situações virão naturalmente e, aos poucos, você irá ganhar discernimento e confiança para fazer amigos. Não perca a esperança e a vontade de amar o seu irmão em todo o tempo.

Vejam, o objetivo deste post não é esgotar esse tema tão especial para nossa comunidade aqui do Graça. Estou apenas dividindo com vocês uma das muitas facetas dele que me pega pelo coração, porque passei por isso. Certamente, teremos mais posts e estudos para ajudá-las na construção de relacionamentos intencionais e na compreensão do que eles significam para Deus e para nós.

Essas dicas simples podem ser um começo interessante. Priorizar o exercício da empatia e do sacrifício pessoal pode ser mais eficaz do que imaginamos e, dessa receita, podem aparecer em nossas vidas pessoas que seguirão a caminhada cristã conosco até o fim.


 

Em breve nós lançaremos o primeiro Estudo Online do Graça em Flor chamado “Florescendo Juntas – Como criar e manter relacionamentos intencionais”. Se esse é um tema que te interessa e você gostaria de receber notícias sobre o lançamento do Estudo e como comprá-lo, assine nossa newsletter abaixo!